O preço da fé

Notícia do jornal "O Povo" de hoje. Para saldar dívida de 250 mil reais com a União, a Arquidiocese Metropolitana de Fortaleza dá como pagamento o terreno onde está construída a centenária Capela de São Pedro, na praia de Mucuripe (vale lembrar que antes de virar apóstolo e receber as chaves do céu, o santo era pescador). Quem conhece o lugar sabe que se trata de obra simples, freqüentada por gente humilde - em grande parte pescadores, que prometem vigília em sua defesa. Destoa da vizinhança, a badalada Beira-mar, com movimentada vida noturna, apinhada de prédios de apartamentos "classe A". Reconhecidamente área cobiçada pelo mercado imobiliário da região.

Há movimento aqui em Brasília para tombar o prédio e, assim, salvá-lo da demolição. Não obstante esse esforço, algumas perguntas estão espremidas na garganta: Porque instâncias superiores da Igreja não assumiram o pagamento da dívida, já que se trata de importante testemunho da religiosidade e fé cristãs? Difícil crer que não houvesse outro imóvel (que não fosse sagrado) para ser dado em pagamento, já que a igreja é a casa de Deus e ela é mais importante que a casa dos seus representantes na Terra? O local de adoração de fiéis mais pobres e humildes é menos digno do que os templos freqüentados pelos mais ricos e, portanto, descartável? Seria esse "pagamento" uma jogada (arriscada) dos nossos bons padres para liquidarem a dívida e depois recuperarem o precioso imóvel por tombamento? Ou a pressão dos agentes imobíliários foi simplesmente mais forte que a fé?

Crédito da foto: Projeto disco de cera


Chora, Rita

Ontem, no Daily News Online, jornal eletrônico oficial do governo de Botsuana (onde o Brasil recentemente abriu Embaixada), foi publicada matéria mostrando que vários Membros do Parlamento acreditam que está na hora de acabar com o bogadi. O membro por Mmadinare, o Sr. Ponatshego Kedikilwe, propôs na tribuna que o dito cujo fosse abolido definitivamente. Trata-se da tradição do "preço da noiva", uma espécie de dote pago em... vacas! É isso mesmo. Pagam-se vacas pelas mulheres. As que forem virgens, claro. Mulheres virgens, bem entendido. Como comprovar a qualidade da aquisição? Ela (a mulher) tem que gritar na noite de núpcias, para que o resto da família possa atestar sua "pureza". Se bem que em outra matéria sobre o mesmo tema, há um ano, o influente Bispo David Monnakgosi já lembrava que essa prática forçava maridos apaixonados a trapacear e recomendar que suas mulheres gritassem de qualquer modo, para que passassem no teste. Lembrou, ainda, que uma vaca custava só 80 Pulas (a moeda de Botsuana) quando se casou em 1982 e que na época não havia tabelamento de preços.

Naquela mesma sessão do Parlamento, o Sr. Kedikilwe lembrou que o fim do bogadi seria importante para diminuir o índice de violência doméstica de seu país. Ao pagar as vacas, disse ele, "os homens são levados a acreditar que adquiriram um objeto sexual e que podem fazer o que quiserem com ele." Algo para se refletir, certamente. Principalmente pela alta taxa de abuso sexual cometido contra filhas e sobrinhas, incentivado, em parte, pelo silêncio das esposas e cunhadas, que sabem que boca calada não leva porrada. Para piorar, 40% da população do país tem AIDS. Era o campeão mundial em incidência, mas a Suazilândia conseguiu passar na frente.

Tem mais: a homossexualidade é punida com 7 anos de cadeia, de acordo com o Código Penal. Traidor não tem refresco, não.




(Edélcio inspirou)


O gato comeu

- Cadê a bombinha que estava aqui?
- O gato comeu...

Apesar do relatório de avaliação do NSIE (National Security Intelligence Estimate), divulgado no último dia 3 em Washington, concluir que o Irã interrompeu seu programa nuclear ainda em 2003, a tecla da ameaça da bomba atômica Iraniana continua a ser tocada pelo presidente americano. Sem o menor constrangimento. Com cara séria e tudo. Em entrevista à Reuters, o Tenente-coronel John Sattler, diretor de planejamento e políticas estratégicas do Comando-maior das forças armadas, afirma que não houve "correção de curso" em decorrência daquele relatório.

Mas a verdade pouco importa para boa parte dos eleitores americanos, que têm a ilusão de serem modelo da democracia universal e que enxergam o mundo de forma simplista, pasteurizada e embalada a vácuo para consumo imediato.

Tá certo que o Ahmadinejad não é santo. Homofóbico, afirmou em discurso que "não há gays no Irã" (é claro - os espertos ficam mesmo no armário e os que soltam a franga logo perdem a cabeça... literalmente). Chegado a amizades questionáveis na América do Sul, não chega a ser modelo de estadista.

Mas bomba, não tem.


Conforto no ar não é novidade III

Vejam que maravilha que o Paulo Márcio encontrou nos alfarrábios do avô. Os "clippers" eram grandes e rápidos veleiros de muitos mastros do século IXX. A antiga PanAm chamou de "Clipper" seus aviões de longo alcance, inspirada naqueles navios. Na época, eram os únicos aviões americanos capazes de vôos intercontinentais. Eles serviram as rotas mundiais de 1930 até 1942, quando foram comissionados para atuar na Segunda Guerra Mundial. Curiosidade: Gene Rodenberry, criador da famosa série de ficção "Star Trek", era piloto desses aviões e sobreviveu a uma queda a bordo do "Clipper Eclipse", em 1947, na Síria. Trechos do panfleto:

O mais novo, mais moderno e mais luxuoso
Serviço Aéreo do Mundo...
O Clipper de Dois Andares
Esta gigantesca aeronave dispõe de ar acondicionado e nivelador de pressão, o que mantém em seu interior as condições atmosféricas do nível do mar, quando se vôa a uma altitude de sete mil metros. A cabine principal para os passageiros dispõe de vasto espaço entre as poltronas, que são, elas próprias, amplas e confortáveis, acolchoadas de espuma de borracha. Uma escada em espiral, forrada de espessos tapetes, liga a cabine principal à espaçosa sala-de-estar do andar térreo.



O "Presidente" apresenta estes serviços exclusivos:


  • Todos podem dormir confortavelmente! Entre Trinidad e o Rio de Janeiro, trecho noturno da viagem, os passageiros gozam do esplêndido confôrto de uma Sleeperette ou, mediante uma pequena taxa adicional, um leito espaçoso e macio.
  • Magníficas refeições... inclusive um jantar de sete pratos, regado a champagne e licores finos.
  • Orquídeas e perfume para as senhoras.
  • Sala-de-estar no andar térreo para cocktails e entretenimentos.
  • Vários aero-moços para serví-lo.
  • E ainda... todas as vantagens de rapidez e confôrto que V. só encontrará no Clipper de Dois Andares.

A módica sobretaxa cobrada pelo superior serviço do "Presidente" reverterá sobejamente em espaçoso confôrto e luxo para V.

Conexões diretas em New York com outros vôos em Clipper de Dois Andares para a Europa.

Não é exagero dizer que este novo Clipper de Dois Andares da PAA é, na verdade, o mais eficiente e requintado dos aviões de nossa era.

Mais informações do panfleto. Clique na imagem para vê-la em tamanho maior.

Santo remédio

Em artigo da National Geographic News, Roger Short, biólogo reprodutivo da universidade de Melbourn, explica que o sumo de limão pode ser uma arma potente no combate a AIDS em países em desenvolvimento. Além disso, ele afirma que "o sumo do limão é usado na região do Mediterrâneo há quase 300 anos como contraceptivo, bem como em algumas partes da África".

Como o brasileiro gosta de juntar o útil ao agradável, já há quem recomende espremer o limão na vagina, adicionar um pouco de açúcar, gelo e pinga e, na hora da relação sexual, usar o pênis como socador. Obtém-se assim nova caipirinha: a caipixota (ou caipiceta). Os gourmets, de gosto mais refinado, dão-lhe o nome de caipigina. E usam canudinho.

Nunca antes neste país...

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República publicou no Diário Oficial da União de 31 de outubro de 2007, edital para contratação de três agências de publicidade para atender às necessidades da PR. Administrarão verba estimada em R$ 150 milhões anuais.

Licitação anterior, feita em julho de 2003, teve como vencedoras a Duda Propaganda, Lew,Lara e Matisse. A Duda Propaganda foi dispensada em 2005, após as denúncias de envolvimento de Duda Mendonça no esquema do mensalão. Continuaram valendo os contratos com Lew,Lara e Matisse.

Segundo matéria do informativo "Propaganda & Marketing", a Secom também estaria prestes a publicar outro edital para a "contratação de uma empresa de relações públicas para promoção do Brasil no exterior".

Promoção... em que sentido? Seria no sentido da nova "Braziltour"? Dificilmente seria no sentido "Brazil Tradenet", que é bicho esquisito. Por falar nisso, não existe um tal de Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior?

Jantinha


Bolsa-família, bolsa-educação... Desta vez não rolou um 'vale-refeição'. Pelo menos, o título de eleitor 'deste país' está garantido. Não se precisa provar conhecimento para se obter um, mesmo.

O jogo dos sete erros

Adoro as histórias tresloucadas que aparecem na Internet. Fico intrigado com a origem de tanta inspiração. Acabo de receber notícias de Paris, sobre o mais novo "Scandale au Brésil", divulgado no ciberespaço. No e-mail, lia-se que "as sandálias Havaianas, usadas em todo o mundo e fabricadas na China, causam revolta em milhões(!) de consumidores que as compraram. Feitas com corantes tóxicos, elas causam feridas nos pés de quem as usa". E vinha com fotos para comprovar a notícia. O curioso é que foi justamente a distribuidora francesa uma das que mais trabalhou o conceito da marca e fez parcerias com grandes lojas como Les Galeries Lafayette e Le Bon Marché. Em 2003, todas as modelos do estilista Jean-Paul Gaultier desfilaram com Havaianas nos pés.



Que horror!

Quem não é brasileiro provavelmente nunca ouviu falar de que "as Havaianas não soltam as tiras, não deformam e não têm cheiro". Há 45 anos no mercado, acho difícil acreditar que o fabricante, que ganhou espaço em todos os continentes, fosse utilizar produtos com tal grau de toxicidade e com a aparência tão grosseira. Chico Anysio repetia na TV dos anos setenta: "As legítimas". Mais do que bordão comercial, servia para lembrar aos compradores que a concorrência podia não seguir o mesmo padrão de qualidade da pioneira. É isso mesmo, a sandália de borracha inspirada nos calçados japoneses feitos de madeira e palha de arroz, chamados "zori", começou a ser produzida no Brasil em 1962. A São Paulo Alpargatas produz cerca de 105 milhões de pares anualmente em sua fábrica em Campina Grande, no estado da Paraíba. Já ouvi nordestino ser chamado de muita coisa. De chinês, é a primeira vez. E a marca?. Onde já se viu uma Havaianas não ter o logotipo em alto relevo na palmilha nem o nome gravado nas tiras? Mas nosso irmãos europeus não sabem disso.

De todo modo, isso não quer dizer que não se possa enxergar alguma verdade na história. Repare que elas são vendidas no Canadá a $22, nos Estados Unidos a $17, na Austrália a $25, na Europa a €20 (!) e no Brasil a R$23. A julgar pelo preço que está na etiqueta, $2.44 (não identifiquei a moeda) só mesmo um negócio da China!

Em tempo: Apesar do sucesso do produto, odiava quando minha mãe me obrigava a calçar as benditas "chinelas japonesas", quando criança. A tira que fica entre os dedos sempre me incomodou. Questão de gosto...

Conforto no ar não é novidade II

Não sou muito de postar imagens, sem fazer comentário ou reclamar de alguma coisa. Mas quase dá para fazer uma exceção, no caso destas aqui. As imagens falam por si. Se você tem que viajar a serviço, sabe muito bem o que é encarar 12 horas numa lata de sardinha, dividindo um mínimo de espaço com viajantes-deslumbrados-pela-primeira-viagem, gringos mal-educados que pensam que são os donos do mundo, emergentes que passam o tempo todo falando da 'última vez que estivémos em Paris' (eu sei que estivemos não tem acento agudo, eles, não)...

Brasileiro acha que viajar a serviço é "chique". Pro exterior, nem se fala. Pode voltar para a terrinha e dizer que esteve na Zoropa. Vale mais que um aumento de salário! Já virou prêmio. Na gringolândia o empregador puxa saco, dá hora-extra, bônus. Sabe que o desconforto é grande e que o empregado está, de fato, no trabalho, as 24 horas do dia - só volta para casa no final da viagem. Por isso existe a tal 'classe executiva', mal traduzida de 'business class', que no termo original não restringe o entendimento apenas aos 'executivos'. Afinal, técnico, como eu, também viaja a negócios. Ou melhor, a serviço de alguma empresa ou órgão do governo. Se não sou turista, porque minha classe é 'econômica' ou 'turista'? Quando chego ao destino, não vou encontrar amigos nem passear em lugares pitorescos. Encaro um dia de trabalho intenso ("afinal, a viagem não era exatamente para isso?") e ninguém quer saber do tal "jet-lag" - isso só acontece em novela, com atores lindos e madames sensíveis.

Enquanto isso, babem comigo: (cliquem na imagem para vê-las em tamanho maior)

Com a palavra, Sua Majestade





- ¡Cállate!


Falou e disse.

Estonteante

(clique na imagem para ver o movimento)

Para que lado ela gira?

Se você consegue vê-la girar no sentido horário, é o seu lado direito do cérebro que está agindo. Se você percebe o movimento contrário, no sentido anti-horário, é o lado esquerdo que está no comando. Algumas pessoas conseguem vê-la girar para ambos os lados, mas comumente só se consegue perceber o movimento em um dos sentidos. Se você tentar vê-la girar no sentido oposto e conseguir, parabéns. Só pessoas muito inteligentes são capazes de usar ambos os lados do cérebro simultaneamente.

Eu, por exemplo, só consigo vê-la parada. Garçom, mais um chope! Divirtam-se.

Papai Noel bolivariano

O embaixador do Brasil na Venezuela, João Carlos de Souza-Gomes, foi chamado para mais uma conversa com o presidente Hugo Chavez. O assunto da vez: o Coronel vai presentear ao colega Boliviano, Evo Morales, uma aeronave da Embraer e gostaria que o governo brasileiro agilizasse os trâmites da aquisição. "Ele [Morales] precisa ter um avião presidencial também", teria justificado o presidente venezuelano durante a conversa.

Pura fofoca?

Conforto no ar não é novidade

Pra quem pensa que conforto em viagem aérea é coisa nova, vale a pena lembrar do Dornier DO-X 1929. O Flugschiff (navio voador), como era chamado, era um hidroavião de 55 toneladas, o maior do seu tipo na época, com 12 motores curiosamente em pares, um de frente para o outro. Veja outras fotos.

Em 5 de novembro de 1930, fez uma viagem promocional de 45 mil quilômetros entre a Europa, África e as Américas do Norte e do Sul. Foi um grande sucesso, embora nunca tenha sido usado pela aviação comercial. Apesar de ter sido comprado pela Lufthansa, o único exemplar existente foi destruído nos ataques aéreos a Berlin, durante a Segunda Guerra Mundial.

Mas para quem viajou nele, deve ter sido um sonho. O transatlântico voador tinha três andares: no superior, ficavam a cabine dos pilotos, a engenharia, navegação e a radiotelegrafia; no principal ficavam os passageiros e suas bagagens (como ter mala extraviada?); no inferior, o combustível e as instalações de apoio.

Seu criador, Claude Dornier, projetou um verdadeiro navio dos céus, com todas as regalias e conforto de um clube social de luxo. Seus 70 passageiros podiam usufruir de cabines-dormitório, sala de estar, sala de chá, restaurante, bar e biblioteca, tudo mobiliado com o mais fino gosto e, naturalmente, sofás de couro, porcelana finísima e legítimos tapetes persas. 14 pessoas compunham a tripulação, o que proporcionava, em média, nada menos que um atendente para cada 5 passageiros!

Curiosidade: fez escala no Brasil, no início de 1931, alguns meses antes da inauguração da estátua do Cristo Redentor.

A sua vez

O Natal se aproxima. Apesar de ter se tornado evento comercial, no coração de milhões de crianças carentes "deste país", o que conta, mesmo é a fantasia e a esperança de receber um presente do Papai Noel. Todos nós, em maior ou menor grau, nos sentimos motivados a minorar, de alguma forma, a tristeza daqueles coraçõezinhos.

É difícil, muitas vezes, escolher a melhor forma de ajudar ou mesmo decidir quem merece ou não... Gostaria de propor uma idéia - que não é minha: porque não ir até uma agência dos correios e "adotar" uma das milhões de cartinhas que crianças necessitadas mandam pro Papai Noel? A partir de novembro, a ECT mantém em suas agências um número imenso dessas cartas, que nunca seriam respondidas, à disposição de quem quiser ser o Papai Noel da vez. É um programa formal da empresa, sem ONGs, televisões ou partidos políticos no meio. Basta chegar lá, escolher uma carta (é isso mesmo: pode-se até escolher qual presente dar) e entregar o presente. Os correios o entregam na casa da criança. Olha que os pedidos são os mais inacreditáveis: um panetone, uma blusa de frio para a avó... Certamente haverá um para qualquer disponibilidade orçamentária.

Mais do que a alegria de receber o presente, em si, pensem na esperança que um gesto desses é capaz de transmitir à molecada. Receber uma resposta do Papai Noel! É como se o mundo dissesse a eles: vocês não têm culpa.

Springfield que se cuide...




Vejam o mais novo habitante da famosa cidadesinha. Mal chegou e já está fazendo ponto no boteco do Moe. Achei o olhar do Homer um tanto quanto... estranho.

Confira o site do filme dos Simpsons. Aproveite e faça o seu avatar.

Saludos del lado de lá

Amigos que voltaram recentemente da Bolívia dão conta das últimas alucinações do companheiro Evo: De agora em diante, os servidores públicos, para permanecerem no cargo, terão que mostrar proficiência em Quecha e Aymara, as principais línguas indígenas da região. Tudo bem que se deva valorizar nossa cultura sul-americana, muito rica e bela, por sinal - mas usar isso como subterfúgio para promover o aparelhamento do estado, tenha dó! E nesses termos, ainda por cima. Nas ruas da capital, La Paz, já se podem ver anúncios de cursinhos dos dois idiomas, para quem ainda tem esperança de manter o emprego. Em tempo: os servidores públicos de lá, como cá, prestaram concurso público para os cargos. Ser índio (falante) nunca foi requisito nem medida de competência. Pelo jeito que anda nossa política externa em relação aos nossos hermanos, fico imaginando se meus amigos aqui não deveriam logo procurar cursinhos que ensinassem o Tupi-Guarani. Embora ache que o Nheengatú seria mais apropriado.

p.s. No município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, a língua oficial é o português e mais três línguas co-oficiais que foram aprovadas pela lei municipal 145/2002, aprovada no dia 22 de novembro de 2002: Nheengatu, Tukano e Baniwa. São as línguas tradicionais faladas pela maioria dos habitantes, dos quais 85% são indígenas.

Vida, louca vida

Isso é o máximo! Agora a gente pode levar uma vida dupla, ter uma segunda existência, viver num mundo paralelo - sem sair de casa. Nada como entrar num mundo totalmente cibernético, uma realidade virtual em 3 dimensões.

O "Second Life" é uma experiência assim. Note que não disse "jogo". Está mais para um fenômeno socio-tecnológico do que uma partida de videogame. Já atraiu mais de sete milhões de pessoas, segundo os números divulgados pelo Linden Labs, "dono" da infra-estrutura do "mundo". A qualquer momento, há mais de 30 mil "residentes" conectados.

Além de proporcionar uma realidade alternativa, com grande imersividade, o grande diferencial do SL é que o universo é totalmente construído por seus habitantes - pelo menos aqueles com mais habilidades tecnológicas. Quem não é bom escovador de bits pode recorrer a "lojas" ou contratar outros residentes para que construam casas, mobília, roupas, aparelhos, etc. O pagamento é feito pela moeda local, o Linden Dolar, que pode ser convenientemente comprado pelo seu cartão de crédito do mundo real.

Fora os aspectos comerciais do projeto, é um lugar onde as pessoas criativas e com muita imaginação podem realmente ser livres para experimentar e criar. Se você é daqueles que gostou do filme TRON, ou sonha com a Matrix de vez em quando, vai adorar a oportunidade de uma segunda vida.

Perna pra que te quero

A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e a Organização Internacional para a Padronização (IOS) querem que você saiba exatamente quando passar sebo nas canelas. Agora o símbolo de perigo radioativo ganhou uma caveira e uma pessoa correndo, além do conhecido sinal de radiação.

O novo grafismo é resultado de estudo de cinco anos, em onze países ao redor do mundo. O objetivo: desenvolver sinalização capaz de fazer pessoas fugirem de medo, independentemente da nacionalidade ou nível de educação. O grupo de teste incluiu 1.650 indivíduos.

O símbolo será usado para identificar fontes perigosas de radiação tais como irradiadores de alimentos, equipamentos de teleterapia para o tratamento do câncer e unidades radiológicas industriais. Não aparecerá em condições normais de uso mas será visto se alguém tentar desmontar um aparelho que contenha materiais radioativos.

Portanto, se você encontrar este símbolo por aí, CORRA!

Baixaria nas alturas

O ator inglês Ralph Fiennes, de 44 anos, (A lista de schindler, O jardineiro fiel, O paciente inglês) se viu no meio de uma baixaria... nas alturas. No dia 24 de janeiro passado ele viajou da Austrália para a Índia, um longo vôo pela Qantas, de número QF123, assento 2K, classe executiva. Lá pelas tantas, ele e a aeromoça - ops, comissária de vôo, Lisa Robertson, uma australiana de 38 anos e ex-policial, batem um papo, rola um clima, a coisa esquenta. Para encurtar, a história acaba no toalete do avião. Aquele apertadinho, com porta sanfonada. Só com muito feromônio, mesmo. Discretamente, ele sai primeiro. Depois de alguns instantes, ela também deixa o cubículo. Até aí, nada além de uma historinha digna dos anais do "mile-high club" (grupo de pessoas que já fizeram sexo em avião). Talvez um dia ela contasse a façanha para suas amigas. Ele provavelmente teria esquecido o episódio antes mesmo de carimbar o passaporte na chegada.

Acontece que colegas da sortuda atendente de bordo supostamente viram-na sair do tal toalete, depois do Romeu. E os "colegas" não pediram autógrafo do artista famoso nem se ofereceram para dá-lhe o mesmo "tratamento" nem mesmo pediram para a sortuda matar a curiosidade - "Ele transa legal?", "É bonito?" ou o que quer que as mulheres perguntem... Os infelizes denunciaram o ocorrido à companhia. Entregaram. Delataram. Alcagüetaram. Cabuetaram. Dedaram (isso, talvez, não). Enfim, Lisa foi suspensa e pode perder o emprego. Ralph vai bem, obrigado. Que baixaria!

Fera que vive de vento

Esta é uma ilustração do Frei André Thevet (1502-1590), entitulada "Fera que vive de vento". O franciscano participou da excursão de Villegagnon ao Brasil e muitos historiadores atribuem a ele (e não a Jean Nicot) a introdução do fumo na Europa. As sementes teriam sido levadas de Pindorama por ele mesmo, que reportava efeitos medicinais da aspiração da fumaça das folhas. Não sei se havia alguma coisa além de tabaco no "tratamento", mas tinha que se ter muita fumaça nas idéias para chegar num bicho desses.

Viver de vento não é fácil.

A mesma dificuldade passa o portal "Domínio Público", uma iniciativa do MEC de montar acervo de arquivos multimídias (imagens, sons, filmes, livros) de obras com divulgação autorizada para o público. Aparentemente, se o número de visitas não aumentar (leia-se: se não houver interesse por parte da população cibernavegante), o "site" será desativado. Agora pense: onde mais se pode ter acesso livre e grátis a mais de 700 obras da literatura portuguesa? Palestras, documentários? Ilustrações como essa do tema? É absurda a desativação do portal ainda em sua infância. Não se pode perder a oportunidade de divulgá-lo.

Fogo no circo

Quando eu era moleque, durante o regime militar, havia um xingamento que era a pior coisa de que se podia chamar alguém. Pior do que invocar qualidades íntimas de genitoras ou sugerir cavidades anatômicas para a inserção de objetos. Muito pior. Isso porque além do insulto, havia o medo de ser preso, levado embora, sumido. Afinal, a suspeita havia sido levantada. E a família já era automaticamente incluída. Ser chamado de "subversivo" era realmente o fim da picada. "Aquele moleque é um subversivo!", "Mais um subversivo foi preso ontem à noite...", "Meu Deus, isso só pode ser coisa de gente subversiva!". 

Na época, a preocupação do regime quanto a atividades subversivas era bem fundada. A subversão gera a desestabilização, que enfraquece as estruturas do estado. Expõe as fraquezas. Destrói a confiança e a tranqülidade. As grandes potências mundiais sabem muito bem disso e usam-na estrategicamente em maior escala, em diversas regiões do globo, para facilitar o controle político ou dominar mercados.

Veja o caso do Oriente Médio: vocês se lembram de como eram vilanizados os xiitas até pouco tempo? "Radicais suicidas", "fanáticos religiosos", "extremistas capazes de qualquer coisa", "assassinos bárbaros", e por aí a fora. Badaladíssimos nos noticiários da TV de todo o mundo (ocidental, bem entendido), "xiita" virou xingamento também. Eram os alvos preferidos do ódio americano.

Acontece que Saddam Hussein, ditador do Iraque, era sunita (minoria religiosa em seu país) e tratava os xiitas com mão de ferro, tão duramente quanto os curdos. Que são, aliás, uma etnia, querem mais é distância da briga e reivindicam independência para seu povo. Enfim -- Depois que o governo americano mandou invadir aquele país sob o pretexto de neutralizar um suposto arsenal de armas de destruição em massa e depôs seu ditador, colocaram no poder justamente... os xiitas.

Os antigos inimigos agora viraram amiguinhos? Não tão depressa: os xiitas iraquianos estão fragilizados, mas este não é o caso da maioria xiita do Irã - o Grande Inimigo Da Vez - e a ordem é desestabilizar, lembra? Então: para que fracasso maior do que o tal "processo de democratização" do Iraque, incentivado pelo tio Sam mas conduzido pelas novas autoridades xiitas iraquianas? E como perder a oportunidade de deixar os xiitas executarem o Saddam justo no primeiro dia do feriado sagrado de Eid Al-Adha, de sacrifício para os mulçumanos, quando a "ovelha é imolada e sua carne é dada aos famintos, quando se dá dinheiro aos pobres e brinquedos às crianças"?

Enquanto isso, na Palestina, onde Saddam Hussein ainda é lembrado como alguém que lutou contra Israel e venceu, o Irã dos xiitas é visto como quase tão culpado pela execução do ex-ditador quanto os americanos.

Isso é que é ser subversivo.