O jogo dos sete erros

Adoro as histórias tresloucadas que aparecem na Internet. Fico intrigado com a origem de tanta inspiração. Acabo de receber notícias de Paris, sobre o mais novo "Scandale au Brésil", divulgado no ciberespaço. No e-mail, lia-se que "as sandálias Havaianas, usadas em todo o mundo e fabricadas na China, causam revolta em milhões(!) de consumidores que as compraram. Feitas com corantes tóxicos, elas causam feridas nos pés de quem as usa". E vinha com fotos para comprovar a notícia. O curioso é que foi justamente a distribuidora francesa uma das que mais trabalhou o conceito da marca e fez parcerias com grandes lojas como Les Galeries Lafayette e Le Bon Marché. Em 2003, todas as modelos do estilista Jean-Paul Gaultier desfilaram com Havaianas nos pés.



Que horror!

Quem não é brasileiro provavelmente nunca ouviu falar de que "as Havaianas não soltam as tiras, não deformam e não têm cheiro". Há 45 anos no mercado, acho difícil acreditar que o fabricante, que ganhou espaço em todos os continentes, fosse utilizar produtos com tal grau de toxicidade e com a aparência tão grosseira. Chico Anysio repetia na TV dos anos setenta: "As legítimas". Mais do que bordão comercial, servia para lembrar aos compradores que a concorrência podia não seguir o mesmo padrão de qualidade da pioneira. É isso mesmo, a sandália de borracha inspirada nos calçados japoneses feitos de madeira e palha de arroz, chamados "zori", começou a ser produzida no Brasil em 1962. A São Paulo Alpargatas produz cerca de 105 milhões de pares anualmente em sua fábrica em Campina Grande, no estado da Paraíba. Já ouvi nordestino ser chamado de muita coisa. De chinês, é a primeira vez. E a marca?. Onde já se viu uma Havaianas não ter o logotipo em alto relevo na palmilha nem o nome gravado nas tiras? Mas nosso irmãos europeus não sabem disso.

De todo modo, isso não quer dizer que não se possa enxergar alguma verdade na história. Repare que elas são vendidas no Canadá a $22, nos Estados Unidos a $17, na Austrália a $25, na Europa a €20 (!) e no Brasil a R$23. A julgar pelo preço que está na etiqueta, $2.44 (não identifiquei a moeda) só mesmo um negócio da China!

Em tempo: Apesar do sucesso do produto, odiava quando minha mãe me obrigava a calçar as benditas "chinelas japonesas", quando criança. A tira que fica entre os dedos sempre me incomodou. Questão de gosto...

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