Ah! Como era grande!

Outro dia houve um reboliço nas revistas eletrônicas e fóruns técnicos da Internet. O assunto de muitos artigos e conversas era a capa comemorativa da centésima edição da revista Maxim, que trazia a estampa de Eva Longoria (a Gabrielle do seriado "Desperate Housewives"). A revista recentemente a elegeu a "mulher mais sexy do mundo". Até aí, nada demais, exceto talvez o fato de nerds falarem de mulher. Mas havia algo mais: A Maxim teria mandado fazer um "outdoor" gigantesco daquela capa e o deitado no chão do deserto em algum lugar perto de Las Vegas, para ser visto pelos satélites que geram as imagens para o programa "Google Earth". Uau! Isso é que é mídia global. Para quem tiver o programa instalado em seu computador, e se interessar em ver a tal capa de 100m de comprimento por si mesmo, o link de localização está em http://www.maximonline.com/maximusa/Maxim_Cover.kml.


O que me surpreendeu, no entanto, foi que os jornalistas apressadinhos e blogueiros automatizados sequer perceberam que se tratava de um jogo de publicidade, sim - mas de outro tipo. Pois bem, descobri que um daqueles satélite de captura de imagens passaria por uma praia, perto de Fortaleza, em alguns dias. Resolvi então contratar alguns moleques para cavarem a minha foto na areia, para ver se apareceria no mapa, também. Tinha que ser enorme, cerca de 80 metros de largura, e tinha que ser feito na maré baixa do dia em que o satélite passasse por lá. E não é que deu certo? O resultado está aí. Se quiser ver por si mesmo, basta entrar no Google Earth e passear na costa cearense seguindo o rumo leste para sudeste a partir da capital. Também posso mandar o link de localização por e-mail, para ir direto ao ponto. Deixe um comentário com seu endereço que eu o mandarei para você.

Ah! Ia esquecendo: Tudo em nome da alegria!

Môni que é gúdi

Neologismos dão sangue novo à língua, arejam conceitos. São naturais à evolução de qualquer idioma. Mas o uso de estrangeirismos, quando há equivalentes em português que transmitem muito mais claramente o pensamento, é descabido. Não me entenda mal. Não sou xenófobo, nem estou com aqueles que defendem uma tal de "pureza da língua".

É surpreendente como algumas pessoas acreditam que jogando uma palavra estrangeira aqui e acolá demonstrariam maior saber ou cultura. Alô! É pura cafonice e mau gosto! Isto, em si, nem é tão ruim - gosto não se discute. O problema é que o falar pressupõe a intenção de transmitir uma idéia, que está na cabeça de quem fala. O receptor deve ser capaz de entender a mensagem e transformá-la de novo em idéia, desta vez na sua própria cabeça. A transmissão de idéias é mais eficaz quando são usados conceitos já conhecidos, que dispensem explicações adicionais. Se os interlocutores conseguem entender termos de outros idiomas, ótimo. Caso contrário, a preferência deve ser dada àqueles de raizes portuguesas, em nome da boa comunicação. É o que deve ser feito quando se fala para público, por exemplo.

Veja a área da Informática. É fértil em abusos. Em geral são conseqüência de má traduções de livros técnicos, às vezes feitas por processos automatizados, que ignoram a gramática. Passou-se a usar termos legítimos, com origem e significado definidos, com o sentido de outros, com a maior cara de pau. Chuta-se a concordância para escateio e inventa-se tempos de verbos sem o menor pudor. Aí não se trata de neologismo. É erro mesmo. Por que "setar" e "resetar", quando podemos ligar/desligar, habilitar/desabilitar ou ativar/desativar? "Apagar" apaga menos do que "deletar"? "Requerimentos" de um sistema pode até existir, mas seus "requisitos" seriam indispensáveis. "Entrar com um valor" só faz sentido se for para entrar numa cota ou vaquinha. "Informar um valor" é tão mais claro! Quantas vezes não ouvimos um "vou estar enviando" ou "vou estar ligando de volta" de uma central de atendimento? Gostaria de saber que tempo de verbo é esse.

Língua que não se moderniza, morre. Ou você conhece algum lugar no qual se fale latim coloquialmente? Neste ponto, o português vai bem, obrigado. O problema são as pessoas que o falam.