Vida post mortem


A invenção do daguerreótipo em 1839 possibilitou a popularização de retratos fotográficos, antes reservados a famílias ricas, que podiam pagar por um retrato pintado. Esse meio rápido e barato de retratar pessoas também deu à classe média uma maneira de imortalizar os entes queridos que morriam.

Essas fotografias eram uma forma de preservar a memória das pessoas e não eram consideras como símbolos funestos. Hoje em dia, é comum a impressão de "santinhos" com a imagem do falecido ainda em vida e algum texto em sua homenagem. Na era vitoriana, no entanto, a fotografia era sempre post mortem. Era particularmente muito comum no caso de crianças. A taxa de mortalidade naquela época era altíssima e a foto da criança morta era geralmente a única imagem que a família jamais teria dela. A posterior invenção do filme negativo, capaz de gerar inúmeras cópias da foto original, possibilitou que as imagens pudessem também ser encaminhadas para todos os parentes.

As primeiras fotos post mortem eram geralmente um close do rosto ou do corpo inteiro e raramente incluíam o caixão. O "modelo" era sempre mostrado como se estivesse em um sono profundo ou em pose que parecesse naturalmente vivo. Não era incomum fotografar crianças com a mãe ou outros membros da família. Os adultos eram posicionados em cadeiras ou apoiados em estruturas especialmente construídas para as poses.

O efeito de vida era algumas vezes aumentado por mecanismos que mantinham os olhos abertos ou até mesmo pela pintura das pupilas no papel fotográfico!

Macabro? Para eles, não.

Neandertal


Acredita-se hoje que o Homo Sapiens e os Neandertais teriam se relacionados sexualmente. Embora as diferenças causassem, a princípio, a geração de filhos estéreis, a análise de DNA e o progresso no estudo genético moderno confirmam que temos gens daquela espécie. Mais notadamente manifestado pela cor ruiva dos cabelos e pelas sardas da pele. Belo exemplo de mistura, heim?

Cosa fatta, capo ha

Ilustração de um livro italiano de 1935, por C. V. Testi

Conta-se que no tempo dos Guelfi e Ghibellini, um florentino chamado Boundelmonte rompeu o casamento com uma moça da casa dos Amidei. Os parentes da noiva então decidiram vingar-se da ofensa. O encarregado de levar a cabo aquela decisão, Mosca Lamberti, teria dito a frase para selar o destino funesto do infame noivo. Na verdade, Boundelmonte morreria alguns dias depois, na Páscoa de 1215, enquanto cruzava a Ponte Vecchio de Florença.

Hoje o ditado quer dizer que deve-se tomar decisões rápidas e definitivas. Algo como "não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje". A versão italiana, porém, é muito mais eloqüente, não?

Como montar na vassoura

Postal de 1907

Segundo Lena Skarning, legalmente bruxa de profissão e dona de um negócio de poções, divinações e magia na Noruega, aquela história do Harry Potter montar na vassoura com o cabo pra frente é totalmente descabido. Bruxa de verdade monta na vassoura ao contrário. Ela deve saber, mesmo.

Não sei por quê, mas adorei a versão dela.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra


No outono de 1998, Lisa May Stevens, uma mulher de 32 anos de Idaho, nos Estados Unidos, foi acampar. Lisa passou a maior parte de sua vida ouvindo que era homem, mas aos vinte anos já havia descoberto a verdade a respeito de seu gênero sexual: ela nascera hermafrodita e médicos operaram sua genitália quando ainda era bebê. Depois da descoberta, ela consultou seu padre confessor, que lhe respondeu que Deus geralmente condena o suicídio mas, no caso dela, Ele certamente abriria uma exceção. Uma década mais tarde, no terceiro dia de acampamento, ela pôs uma pistola debaixo do queixo e puxou o gatilho.

É assim que Gerald N. Callahan, professor associado do departamento de microbiologia, imunologia e patologia da Universidade do Colorado (Estados Unidos) começa seu livro "Between XX and XY - Intersexuality and the Myth of Two Sexes", ou "Entre XX e XY - Intersexualidade e o mito dos dois sexos". O mito é a crença geral de que existem só dois sexos, definidos pela combinação de cromossomos XX para mulheres, XY para homens. Simploriamente, dizemos que alguém é macho quando tem genitália masculina e fêmea quando tem genitália feminina. No entanto, há homens XX,  mulheres XY e uma grande variedade de outras combinações. Até pessoas XXXY. Um artigo da revista Discovery afirma que por ano, nascem, no mundo, 65 mil crianças com sexo indeterminado, ou seja, que não são identificados como meninos ou meninas logo de cara. A grande verdade é esta: estamos todos entre um extremo e outro. Somos todos intersexuais.

Em entrevista à revista Época, o professor Callahan disse que seu trabalho mudou sua forma de ver o mundo: "Numa sala cheia de pessoas, hoje, tenho uma noção muito maior da variedade, e não espero que as pessoas se comportem de uma maneira ou de outra. Até mesmo sobre mim não penso mais do mesmo jeito. Penso em mim mesmo como uma mistura entre feminino e masculino: estou em algum ponto no meio desses dois extremos. Hoje penso no sexo de uma pessoa como se pensasse em sua posição política ou na cor de seus olhos ou cabelos. Não consigo mais dividi-las tão facilmente em duas categorias e esperar delas um certo tipo de comportamento."

Se ligue: De acordo com a Intersex Initiative, "hermafrodita" refere-se a organismos que têm dois conjuntos de órgãos sexuais, como caracóis e lesmas. Os humanos têm grande variedade de combinações entre XX e XY, portanto, são intersexuais.


Meus respeitos


Religionskritik

Para quem acha que "Deus seja louvado" escrito nas cédulas de Real é apelação, vale a pena dar uma olhada no "Religionskritik". Um site alemão com compilações de críticas à religião. Contém seções de caricaturas e sátiras, trechos de textos famosos de filosofia, teologia, ciência sociais e política e de literatura.

A ilustração acima é Santa Teresa como vocação filosófica ou religiosa, por Félicien Rops (1833 - 1898)

Mulher-chuva



Cai chuva inesperada
No caminho molhado
Ameonna dá sua graça.

Ameonna ("mulher-chuva") é um espírito feminino da mitologia japonesa, capaz de atrair a chuva simplesmente lambendo a mão. É descrita como uma deusa do monte Wushan, na China. Pela manhã assume a forma de uma nuvem e, à tarde, de chuva.

(Hoje vou voltar pra casa de moto, debaixo de chuva. Achei oportuno fazer este haikai. )

Mandala interior



Ilustrações de anatomia humana tibetanas pintadas pelo artista nepalês Romio Shrestha e seus alunos tibetanos, nepaleses e butaneses, em Kathmandu, nas décadas de 1980 e 1990.

Uma beleza crua e perturbadora, não é?

Eu

Tome, Doutor, esta tesoura
e corte minha singularíssima pessoa.

- Augusto dos Anjos.

A arte da loba


Kristamas Klousch se diz uma loba jovem e estranha, que mora nas profundezas das florestas e cidades do Canadá. Não gosta do termo fotógrafa. Prefere ser chamada de caricaturista com uma câmara.

Sua série de auto-retratos é sombria, enganadora, mal-humorada, erótica, caprichosa e, muito freqüentemente, pessoal.

Extravagante.

A marca do diabo





René Grajales é um artista gráfico que faz design para a "La Marca del Diablo", uma marca de roupas mexicana.

Adorei.

So there!

A Lúcia continua no céu com diamantes.

Erowid é uma uma ONG que se propõe dar acesso a informações confiáveis e imparciais a respeito de drogas e plantas psicoativas e assuntos correlatos. Seus membros acreditam num mundo no qual as pessoas tratam os psicoativos com respeito e conhecimento; onde as pessoas trabalham juntas para coletar e compartilhar conhecimentos, de modo a fortalecer a compreensão delas mesmas e prover introspecção nas escolhas complexas com as quais indivíduas e sociedades se deparam atualmente.

Eles acreditam que a verdade, exatidão e integridade na publicação de informações sobre psicoativos conduzirá a escolhas, comportamentos e políticas mais saudáveis e equilibradas em relação aos medicamentos psicoativos, ervas e drogas recreativas.

Pode ser mais psicodélico que isso?

Não tem jeito...

Mit der Dummheit
kämpfen die Götter
selbst vergebens.

Contra a burrice, até os deuses lutam em vão.
Citação da peça "A donzela de Orleans" ("Jungfrau von Orleans") de Friedrich Schiller. Isaac Asimov usou-a parcialmente no título de um de seus livros, "Despertar dos Deuses", mal traduzido para o português de "The Gods Themselves".

Flora carnal, etc.


Um Augusto dos Anjos pictográfico. Veja mais da arte erótica-visceral-escatológica de Gregory Jacobsen.

Eroticamente perturbador.

Um sonho


We need a place in time to call our own...

Foto Grafia

Monumento ao soldado desconhecido, Kiev, 2005

Inconveniência

Casa de banhos russa



O Paulinho, que foi numa casa de banho dessas na Turquia, poderá explicar porque os funcionários estão pelados e o chuveiro tem uma singela cortininha...

До свидания!

Adoração?


 


 Os filmes "underground" começaram a aparecer na década de 1960, com trabalhos revolucionários de cineastas como Kenneth Anger, Stan Brakhage e Andy Warhol, que tratavam de assuntos polêmicos e provocantes tais como política, sexo, religião, magia e morte.

Adoração ("Adoration", Olivier Smolders, Bélgica, 1987) é uma história real de um japonês obcecado loucamente de de amor (?) por uma mulher, que termina em canibalismo. Lembram de "Encaixotando Helena"? Pois bem. Comparado com este, é fichinha.

Perturbador.

Foto Grafia

The old outhouse, New Jersey, 2009

A boneca

 

Hans Bellmer (1902-1975) foi um artista alemão que começou seu trabalho em Berlin e, por causa do nazismo, depois em Paris. Tinha um pai tirânico e odiado e uma mãe afetuosa, totalmente dominada pelo marido. Quando criança, ele e seu irmão Fritz refugiavam-se da atmosfera opressora familiar em um jardim secreto decorado com brinquedos e lembrancinhas. Para lá levavam as menininhas com as quais "brincavam de médico". Uma verdadeira garçonnière!

Quando os nazistas ganharam o poder em 1933, seu pai era um dos apoiadores mais ferrenhos. Bellmer anunciou que iria abandonar todo o trabalho que, mesmo indiretamente, pudesse ser útil para o Estado. Começou sua vida de artista construindo uma boneca em tamanho real inspirada nas memórias nostálgicas de seu jardim secreto de infância e pela ópera "Os contos de Hoffman" de Jacques Offenbach. A idéia era satisfazer sua necessidade de escapar da realidade e despertar desejos associados a encontros secretos sexuais da sua adolescência. Por seu erotismo provocante, seria um golpe contra a tirania e autoridade. Pelo menos, foi o que disse.

Bellmer publicou dez fotografias deste trabalho em "Die Puppe" (Karlsruhe, 1934), com uma breve introdução, sob a forma de um complexo poema em prosa, no qual ele descreve como as inocentes brincadeiras de criança evoluíram para fantasias sexuais adultas nada inocentes.

Intenso.

Foto Grafia

Eu

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado
de Vossa alta clemência me despido,
pois quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado. 

- Gregório de Mattos

À la carte

Guerra. Santa?



 

Imagem do Batalhão Netzah Yehuda, da Brigada Kfir das Forças de Defesa Israelenses. O propósito dessa unidade é permitir que religiosos israelenses sirvam nas forças armadas numa atmosfera propícia às suas convicções espirituais.

O lema do batalhão é "V'haya Machanecha Kadosh", algo como "E seu acampamento (militar) será sagrado", frase extraída da Torá que descreve a importância de manter os acampamentos militares judáicos livres do pecado (em troca de ajuda divina durante as batalhas).

Como o batalhão dá grande ênfase em atender às necessiaddes espirituais da tropa, todas as bases seguem  rigidamente a lei de dieta alimentar judáica e as únicas mulheres autorizadas nessas bases são as esposas dos oficiais e soldados.

Tudo em nome de Deus.


Não vou nem comentar.