É difícil ser Deus


  

É difícil assistir "É difícil ser Deus" (Трудно быть Богом). Foi filmado em preto e branco, é falado em russo e tem quase três horas de duração.

Esse é um filme tão estranho que nem tem como dar spoilers.

É a história de Don Rumata, um dos cientistas enviados ao planeta Arkanar, que é como uma versão da Terra que ficou parado na Idade Média e a Renascença nunca aconteceu. A missão de Rumata e de seus companheiros é ajudar a civilização nativa encontrar o caminho para o progresso, com interferência mínima. Eles não podem ensinar novos conceitos ou idéias. No máximo, podem tentar proteger intelectuais insipientes que eventualmente contribuiriam para a Renascença local - os quais são constantemente perseguidos por Don Reba e os anti-intelectualistas.

Quando o filme começa Rumata está no planeta faz tempo. O cenário é de chuva, nevoeiro e lama. A sujeira, como se poderia esperar da Idade das Trevas, é constante. Mais que isso: as imagens são de uma crueza nojenta, despudorada e trágica. Nada de belo por aqui. Prepare-se para conviver intensamente com fezes, catarros, cuspes, sangue, tripas, animais soltos e insetos pelo corpo. Cada cena foi desenhada minuciosamente para lhe colocar naquele mundo, naquelas condições, como o próprio Rumata.

Contudo não acho que seja um filme focado na crueldade. As cenas grotescas não são gratuitas. O que transpareceu para mim foi a relação de amor estóico e incondicional de Rumata com os habitantes, apesar de todas as adversidades.
 
Talvez um dos filmes de ficção cientíifica mais verdadeiros que assisti.

 

Crimes do Futuro



Num futuro não muito distante a humanidade tenta se adaptar a um mundo cada vez mais sintético fazendo o corpo passar por transformações e mutações que alteram sua própria estrutura biológica.

Embora muitos celebrem o potencial ilimitado desse transumanismo, outros tentam policiá-lo. Independente disso, a "Síndrome da Evolução Acelerada" se espalha rapidamente.

Saul Tenser (Viggo Mortensen) é um artista famoso que abraçou essa condição e faz crescer órgãos novos e inesperados em seu corpo. Juntamente com sua parceira Caprice (Léa Seydoux), ele faz da remoção desses órgãos um espetáculo em tempo real, para o deleite de seus fiéis seguidores.

Timlin (Kristen Stewart) é uma investigadora do "Cadastro Nacional de Órgãos". Ela segue o rastro dos dois até que um grupo misterioso aparece cuja missão é usar a notoriedade de Saul para jogar luz na próxima fase da evolução humana.  

Foi isso que eu entendi do novo filme do David Cronenberg, "Crimes of the Future".

Gostei dos visuais e dos trailers até aqui.

Censūra

Nunca pensei que viveria para assistir a promoção do emburrecimento das pessoas e da massificação de idéias prontas.

Uma coisa importante que aprendi cedo foi a tentar pensar criticamente. Não "engolir" nada de graça. Valorizar contraditórios. Identificar idéias rasas e defender meus próprios argumentos. Mas nunca, nunca, impedir a livre expressão de quem quer que seja. Qualquer ser pensante sempre será capaz de diferenciar as proposições vazias daquelas bem fundamentadas. Isso não quer dizer que as primeiras não sejam verdade nem que as últimas o sejam. Mas se ambas não existem, como sabè-lo?

Uma segunda coisa que aprendi com a idade é que os fatos não se importam com meus sentimentos e ficar ofendido é opção de cada um.

Então:

Manipuladores e manipulados! Eu sei quem vocês são!