É difícil ser Deus


  

É difícil assistir "É difícil ser Deus" (Трудно быть Богом). Foi filmado em preto e branco, é falado em russo e tem quase três horas de duração.

Esse é um filme tão estranho que nem tem como dar spoilers.

É a história de Don Rumata, um dos cientistas enviados ao planeta Arkanar, que é como uma versão da Terra que ficou parado na Idade Média e a Renascença nunca aconteceu. A missão de Rumata e de seus companheiros é ajudar a civilização nativa encontrar o caminho para o progresso, com interferência mínima. Eles não podem ensinar novos conceitos ou idéias. No máximo, podem tentar proteger intelectuais insipientes que eventualmente contribuiriam para a Renascença local - os quais são constantemente perseguidos por Don Reba e os anti-intelectualistas.

Quando o filme começa Rumata está no planeta faz tempo. O cenário é de chuva, nevoeiro e lama. A sujeira, como se poderia esperar da Idade das Trevas, é constante. Mais que isso: as imagens são de uma crueza nojenta, despudorada e trágica. Nada de belo por aqui. Prepare-se para conviver intensamente com fezes, catarros, cuspes, sangue, tripas, animais soltos e insetos pelo corpo. Cada cena foi desenhada minuciosamente para lhe colocar naquele mundo, naquelas condições, como o próprio Rumata.

Contudo não acho que seja um filme focado na crueldade. As cenas grotescas não são gratuitas. O que transpareceu para mim foi a relação de amor estóico e incondicional de Rumata com os habitantes, apesar de todas as adversidades.
 
Talvez um dos filmes de ficção cientíifica mais verdadeiros que assisti.

 

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