Santo de casa

O progresso tecnológico dos últimos tempos é produto de inúmeras contribuições individuais de grandes homens e mulheres. De vez em quando, um nome é associado singularmente a uma idéia, e gostamos de chamá-lo de "pai" disso e "mãe" daquilo: Mme. Curie é a mãe da radioatividade. Einstein é pai da relatividade. Volta é pai da pilha elétrica, Tesla das bobinas, Hertz das ondas eletromagnéticas, Marconi é do rádio... Ôpa!

Você pensou em Marconi, também, não é? Mas a verdade é que um brasileiro, um padre gaúcho, chamado Roberto Landell de Moura é que seria o nome certo. Marconi é o do telégrafo. Aquele que faz bi-biii-bi, sinais baseados no código bolado por Morse, com o operador fazendo curto-circuito nos fios. E Graham Bell é o do telefone. Na base do fio também. De um aparelho para outro, ligados entre si. Não existia a transmissão de voz, sem fios, pelo ar. Porque não sabíamos disso? Talvez pela incompreensão dos contemporâneos de Robertinho, o porra-louca da época: em lugar de receber glória, sofreu o ridículo e a perseguição. O homem era chamado de "lunático, louco, bruxo e diabólico". Nem os seus superiores religiosos foram capazes de apoiá-lo e chegaram a proibi-lo de continuar com suas "estranhas manias de inventar aparelhos elétricos e de tentar transmitir a voz a distância".

Em 1901, foi pra gringolândia, em busca de melhor sorte. Comeu o pão que o diabo amassou, mas conseguiu, pelo menos, patentear três inventos originais para "um transmissor de ondas", um tipo especial de "telégrafo sem fios" e outro de um modelo pioneiro de "telefone sem fios" (patentes de números 771.917, 775.337 e 775.846 do U.S. Patent Office). Voltando ao Brasil, continuou sem o apoio de seus conterrâneos. Tentou fazer a demonstração de seus equipamentos em navios da Marinha de Guerra, no Rio de Janeiro, mas não foi levado a sério. Conta-se que, quando um auxiliar do Presidente Rodrigues Alves lhe perguntou a que distância queria que os navios ficassem da costa, para a realização das experiências, o padre lhe respondeu: "A quantas milhas quiser, pois meus aparelhos podem funcionar a qualquer distância e poderão servir, no futuro, para comunicações interplanetárias". O pedido foi arquivado, sob a alegação de que a "Marinha tinha coisas mais importantes a fazer do que se submeter a experiências de padres malucos".

É isso aí, Robertinho, religioso e cientista (que mistura!): santo de casa não faz milagre. Mas quem sabe a Internet não consegue resgatar sua história e lhe fazer justiça? Já não seria sem tempo. Façam uma busca no Google a procura dele. Vocês vão se surpreender.

E repitam comigo: Landell de Moura, o pai da transmissão da voz por rádio, avô do telefone celular!

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