Tudo o que já foi, será.


A partir de outubro de 2006 os Estados Unidos passarão a emitir "passaportes digitais" para seus cidadãos. E poderão não aceitar a entrada de estrangeiros cujos países de origem não adotem também a mesma novidade tecnológica. O argumento é que esse tipo de passaporte, que leva um "chip" embutido e assinado digitalmente pelo país emissor, garantiria o fim das falsificações. O Brasil já anunciou que estava dentro. Outros países, sobretudo os europeus, também seguiram a idéia -- mas alguém pode ter puxado o gatilho antes da hora. O polêmico passaporte contém um "chip" que transmite os dados de identificação por rádio ("RFID - Radio Frequency Identification") que seriam captados automaticamente por dispositivos instalados nos guichês de controle de portos e fronteiras. Acontece que Lukas Grunwald, um consultor de segurança da informação alemão, afirma que os passaportes digitais são facilmente clonados. Demonstrou isso para a revista Wired e repetiu a demonstração semana passada, durante a "Black Hat" - um evento de segurança que ocorre em Las Vegas. O "Engadget", site de novidades tecnológicas anunciou que na Holanda, o programa de TV "Nieuwschlit" mostrou como uma empresa de segurança local conseguiu decifrar os dados gravados no protótipo do "e-Passaporte" holandês. Apesar de ser difícil alterar os dados criptografados no passaporte digital, o fato de que ele pode ser clonado com tanta facilidade é, no mínimo, assustador. O "The Register", inglês, fez uma matéria mostrando como é fácil clonar um passaporte biométrico. E para se falsificar uma identidade nem precisa clonar o documento inteiro. Basta copiar os dados para um cartão com "chip" (desses de banco, mesmo) e colocá-lo entre as páginas do passaporte. Como o dispositivo leitor só consegue "ler" um documento por vez, se o cartão ficar mais próximo dele, os dados do cartão é que serão processados. As maquinações não param por aí. Um leitor de RFID pode ser comprado pela Internet da empresa ACG Id (alemã), por exemplo. Ele pode também ser montado em casa por cerca de 200 dólares, diz Grunwald. Pode-se até adaptar uma antena em leitores de cartões já existentes. Além de servir para a clonagem, esses leitores podem ser acoplados a computadores do tipo "palmtop" e usados como dispositivos detonadores altamente seletivos: quando a vítima, carregando seu passaporte, se aproxima do aparelho leitor, a bomba explode! Se o objetivo principal do novo documento era garantir a identidade do titular, Grunwald aplicou uma bela rasteira no que ele chamou de "grupos de burocratas que tomam decisões a respeito de tecnologias que não entendem". O fornecedor da tecnologia de RFID dos passaportes brasileiros é a Bull, que em seu site anuncia que em dezembro de 2005, assinou contrato de 21 milhões de reais com o SERPRO para o fornecimento de produtos e serviços para uma solução de gerenciamento de controle de fronteira, para ser usado pela Polícia Federal. Mal o serviço foi idealizado, já surgiram as primeiras falsificações. Como nos velhos tempos do papel e prensa de tinta. Só que agora sai mais caro pra gente.

Um comentário:

  1. Anônimo30.10.06

    gostaria de saber como clona cartão da sky e se tem como aguardo a tua resposta ..

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