Sufoco na boca

Nem me importo se o Exército fez ou não acordo para a devolução das armas roubadas do quartel em São Cristóvão (RJ) dia 3. O que está claro é que existe, sim, remédio contra o tráfico - pelo menos no Rio de Janeiro: com a tropa na entrada do morro, a clientela bacana não subiu, as "entregas em domicílio" foram canceladas e as bocas de fumo não operaram.

Nas palavras do relações-públicas do Comando Militar do Leste, coronel Fernando Lemos, "o tráfico, com as nossas ações, teve um prejuízo enorme". Não diga! Sitiar fortalezas é tática mais do que conhecida desde a antiguidade, com certificado de garantia e tudo. Confira alguns cercos famosos: Jericó (1.405 a.C.), Tróia (1.250 a.C.), Constantinopla (1.453), Malta (1.565), La Rochelle (1.627), Leningrado (1.941), Dien Bien Phu (1.954), Beirute (1.982), Sarajevo (1.991)... Mas nenhum foi tão violento quanto aquele contra a cidade de Merv, em 1.221, por um exército mongol comandado por Tolui, filho de Genghis Khan. Segundo historiadores islâmicos, após uma rendição pacífica, cada soldado foi obrigado a decapitar, pessoalmente, 300 (trezentas) pessoas - entre homens, mulheres e crianças.

Estamos no século 21. A marginália pode ser eliminada por simples inanição. Sem tiroteios, incursões teatrais ladeiras acima, inocentes mortos. Falta explicar por que, sabendo-se a fórmula do remédio, constatando-se sua eficácia, tendo-se os recursos necessários e contando-se com o apoio popular, não se termina de vez com o tráfico nos morros?

Bem, talvez todos saibamos, mas é difícil aceitar a verdade.

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