Que Deus (não) nos acuda...

Quando eu era pequeno, aprendi que o Brasil, desde a proclamação da República, era um Estado laico. Quer dizer, o Estado não toma partido por uma religião e afasta-se por igual de todas elas. Assim pode arbitrar de modo imparcial, e na forma da lei, eventuais conflitos entre grupos religiosos particulares, evitando que esses conflitos se transformem em guerras religiosas fratricidas.

Entretanto, fica difícil acreditar na imparcialidade da justiça de uma casa onde, ao lado dos símbolos nacionais oficiais (bandeira e selo da República) posta-se ostensivamente o maior emblema religioso do mundo ocidental: Jesus crucificado, em imagem de sevícia escabrosa da qual nos querem fazer acreditar que somos culpados.

Agora vota-se Ação Direta de Inconstitucionalidade que pede a exclusão do artigo 5º da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05). Este artigo permite a utilização em pesquisas de células-tronco embrionárias fertilizadas in vitro e não utilizadas. Em essência, reciclagem de lixo. Na cabeça de carolas desocupados e mal-informados, um atentado ao direito à "vida".

Qual será o próximo passo? Votar a constitucionalidade do ensino nas escolas de que a Terra tem mais de seis mil anos de existência e que a evolução das espécies contraria a Bíblia?


Um comentário:

  1. Anônimo28.5.08

    Vale lembrar que o tema da Parada GLBT de São Paulo, que aconteceu no último domingo, era por um Brasil verdadeiramente laico.

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