Aí dentro, Babau!

Babau do PandeiroTrês horas da madrugada. Mesmo a esta hora, a brisa úmida e salgada do mar não refresca calor forte do ambiente simples. O nome do boteco não vem à cabeça, que peleja para equilibrar o resto do corpo. A boca só pega no tranco e os olhos não conseguem combinar pra que lado virar. Não importa. O garçom ("garçom"?) heroicamente aterrisa uma garrafa na mesa. Enquanto isso, um bafo de cana de matar de inveja o Zeca Pagodinho, canta, admirado pelos clientes que restaram:

Quanto samos? Samos seis!
Quanto samos? Samos seis!
Cavaleiros da táuba redonda,
Está junto com vocês!


Esqueça rima, métrica. A poesia é plebéia, simples como o próprio poeta. A melodia acompanha. Mas tem autoridade boêmia e competência etílica para agradar irresistivelmente qualquer um que tenha ficado de fogo um dia, em ridículo maravilhoso. Outras pérolas: Bebe água galinha, Bota a cabra pra berrar e Golada da choppada do Magão. Com vocês, Babau do Pandeiro.

Trecho de entrevista na qual fala de sua vida:

Eu comecei no triângulo acompanhando sanfoneiro, em 72 mais ou menos é que passei pro pandeiro. Cantor mesmo, fazer show, foi só no ano passado. Eu nem podia imaginar que ia acontecer isso que está acontecendo. Gravei meu primeiro CD num estúdio do Centro, só na voz e no pandeiro. Eu nem sabia o que era direito, chamava "compat". Hoje já estou com três CDs. Eu calculo que já vendi uns seis mil CDs, só de mão em mão. Não tem em loja. Fora o que a negada está pirateando por aí. Eu sei que no interior e pelo Centro tem muita loja vendendo piratas dos meus CDs. Até já me disseram para ir na Polícia Federal para ver isso. Não sei se é lá mesmo que é pra ver isso... Ainda não fui porque estou com medo de dar viagem perdida.

Só podia ser cearense.

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